quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A alegoria da caverna: perplexidades (4)

4) Que, “se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo” e “quando algum dos transeuntes falasse”, os prisioneiros tomariam o eco pela voz da “sombra que passava” (515b), não custa muito admitir. Mas — e esta já é outra fase da experiência ‘educacional’ —, se um dos prisioneiros fosse libertado e lhe mostrassem os objectos e pessoas reais que causavam as sombras dele bem conhecidas, seria altamente improvável que atribuísse mais realidade às sombras do que aos objectos e pessoas que lhe mostravam, contrariamente ao que afirma Sócrates (515c-d).


Paulo Lopes

2 comentários:

Fernando Barão disse...

Paulo,
eu acredito que sim, que se um dos prisioneiros fosse libertado... / ...seria altamente improvável que atribuísse mais realidade às sombras do que aos objectos e pessoas que lhe mostravam, porque a seguir iria cair na tentação da auto-observação.
Um abraço

Phronesis disse...

Viva, Barão: esta observação ("a tentação da auto-observação") merece alguma elaboração; leva-me a pensar em algo a que eu não tinha ligado: que sentimento de identidade teriam estes prisioneiros?
Obrigado pelo estímulo (mas ainda gostaria que expandisses um pouco a ideia).
Um abraço.

Paulo