domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Génio Maligno (e derivações apropositadas): sumário

A hipótese do Génio Maligno, de René Descartes, é outra emblemática experiência mental da história da filosofia. Encontra-se na primeira meditação das Meditações sobre a Filosofia Primeira (Meditationes de Prima Philosophia, a primeira versão, latina, de 1641 — ou Meditações Metafísicas, título da tradução francesa, de 1647). Mas as suas derivações não são menos carismáticas.
Eis então o sumário das próximas entradas (decompostas em trechos relativamente curtos): 1 — a hipótese do Génio Maligno descrita por Descartes; 2 — a hipótese do cérebro numa cuba, de Hilary Putnam; 3 — a ilustração cinematográfica destas ideias e sugestões conexas (Matrix, sim, mas também The Thirteenth Floor, Abre los Ojos, Existenz e Eternal Sunshine of the Spotless Mind); 4 — o argumento da simulação, de Nick Bostrom; 5 — críticas.

Paulo Lopes

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Só mais uma coisa

8) Sugeri que, na alegoria platónica, assomam elementos repulsivos (consistentes com a concepção ético-política de Platão da governação e do Estado); Karl Popper, na obra A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, vol. 1 (1945, 1ª ed.) vai mais longe: não só considera que Platão foi um dos fundadores do racismo e do colectivismo racial, como também que o seu programa político é moralmente equivalente ao totalitarismo. No Estado justo platónico, os governantes governam, os trabalhadores trabalham e os escravos servem.

Paulo Lopes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A alegoria da caverna: perplexidades (7)

7) Mas a mais estranha e chocante sugestão na descrição narrativa de Sócrates (517a) é esta: “E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?” E Platão não se coíbe de pôr Gláucon a corroborá-la prontamente (ou servilmente): “Matariam, sem dúvida”.
O leitor fica com a impressão de que há algum hiato na narrativa ou na construção dramática, ou que foram censuradas as partes que mostravam por que razão estes prisioneiros teriam tão homicida tentação — ou então conforma-se à suspeita de que alguns disparates não foram expurgados desta afamada alegoria.


Paulo Lopes