Imagine — como um exercício indulgente e extravagante do
raciocínio hipotético — que foi submetido, por um cientista genial e perverso,
à seguinte operação: o seu cérebro foi retirado do seu crânio, colocado numa
cuba com nutrientes capazes de o manter vivo e ligado a um supercomputador cujo
programa produz impulsos elétricos que estimulam o seu cérebro do mesmo modo que um
cérebro num corpo é estimulado pela perceção de objetos externos; as suas
experiências, sensitivas ou motoras, seriam qualitativamente indistinguíveis
das experiências que um cérebro num corpo proporcionaria. Assim, seja um
cérebro numa cuba ou não, claro que lhe parece que está a olhar para um texto
num monitor; a única diferença (mas uma diferença abismal, é certo) é que, no
primeiro caso, não existiria nenhum monitor à sua frente.
Um
cenário da mais sombria fantasia? Bem, é o tipo de comentário que o leitor
faria, se fosse um cérebro numa cuba.
Claro
que o leitor não acredita nessa extravagante hipótese. Como poderia fazê-lo, se fosse realmente um cérebro dentro
duma cuba?
3 comentários:
Responda, de forma pessoal e justificada, à questão formulada pelo autor no final do texto
Agradeço a intervenção, mas receio não ter entendido: por um lado, dada a formulação algo imperativa, parece mais uma tarefa escolar (uma pergunta dum teste, digamos - até, na qualificação escolhida, "de forma pessoal e justificada") do que um pedido; por outro lado, sendo eu o autor do texto e sendo a própria pergunta retórica, parece que não haverá nada de verdadeiramente relevante para responder.
Lamento. Talvez com uma pequena reelaboração eu possa vir a corresponder ao pedido (se é mesmo disso que se trata)...
Paulo Lopes
Aqui («até, na qualificação escolhida, "de forma pessoal e justificada"-»
queria dizer «até, na qualificação escolhida, "de forma pessoal e justificada", um pouco caricatural - ou irónica».
Enviar um comentário